Desde quando assisti pela primeira vez o vídeo Holding Up Half The Sky – Women in Aikido, fiquei interessada em conhecer a sensei Yoko Okamoto, intrutora-chefe do Aikido Kyoto. Ela começou a treinar no Hombu dojo mas viveu por muitos anos nos Estados Unidos e foi aluna, entre outros, de Shibata sensei e Christian Tissier sensei. Em 2003, retornou ao Japão e montou seu dojo em Kyoto que, claro, entrou imediatamente na minha lista de cidades a conhecer. Durante a minha viagem ao Japão em setembro/outubro deste ano, seu dojo foi um dos três onde pude praticar.

No Brasil, nós não temos a tradição de ter muitas mulheres de graduação elevada então eu queria muito treinar com alguém de nível técnico como o dela, e a oportunidade surgiu durante um jantar com Yamada sensei. Quando comentamos que pretendíamos ir, eu e algumas pessoas do grupo, àquela cidade, ele falou imediatamente que tinha uma aluna lá. Se tratava exatamente da sensei Okamoto e pude aproveitar para perguntar se poderíamos visitar seu dojo em Kyoto. Ele respondeu que sim e que pessoalmente telefonaria para ela para combinar. Já no dia seguinte, informou o dia e o horário em que deveríamos entrar em contato com a sensei. Outros dois amigos (obrigada!) aceitaram incorporar dogis (kimono, obi, hakama, chinelos...) à mala e transformar a rápida viagem de turismo em viagem turismo e treino.

Durante o nosso contato por telefone, a sensei decidiu nos encontrar em um local da cidade próximo à estação de metrô, de onde partiríamos para o dojo. Do ponto de encontro - uma estátua de samurai fazendo rei - foi onde reconheci a mulher dos vídeos. Após 32 anos de prática de aikido, a sensei Okamoto é muito forte e tem uma postura decidida e gentil ao mesmo tempo. Logo de saída foi muito amável e nos informou que a aula que ela iria ministrar naquele dia seria em um pequeno dojo (Fushimi) mas que poderíamos optar por ir até o dojo sede (Nishinji), onde haveria mais gente, espaço e mais aulas naquele dia. Eu tinha ido a Kyoto para conhecê-la, então respondemos que gostaríamos de ir com ela ao Fushimi dojo e pegamos o trem. No caminho, ela contou que esse foi o primeiro lugar onde deu aulas quando retornou ao Japão e que depois que a sede havia sido montada, a maioria dos alunos havia migrado para lá, ficando em Fushimi somente alguns poucos que ela não podia abandonar. Também nos fez várias perguntas a respeito do tempo de prática de cada um e da nossa estadia no Japão, lamentando que não pudéssemos ficar mais para treinar, pois havíamos chegado no dia anterior e no dia seguinte partiríamos para Nara.








O samurai. Imagem: Luciana Fernandes



Mesmo o dojo de Fushimi sendo pequeno (ele funciona em um espaço público, um dos quatro tatames desse tipo de Kyoto) e teoricamente com menos alunos, vários eram yudanshas e havia 21 deles treinando. Apesar de descontraída, a sensei foi muito firme e bem detalhista nas demonstrações. Além do mais, ela passava por cada aluno aplicando as técnicas e corrigindo individualmente o que fosse necessário. Ao contrário da maioria dos treinos que eu havia feito até então, no dojo da Okamoto sensei as pessoas iam se revezando nas duplas e assim foi possível treinar com praticamente todos. Foi um grande treino e ficamos pensando como seria interessante ter um seminário dela no Brasil.






Nós no Fushimi Dojo. Imagem: Yukiko




Ao final, fizemos as fotos de sempre e trocamos algumas palavras e e-mails com os outros alunos.  Durante o almoço, que durou algumas horas, conversamos muito sobre assuntos divertidos e sobre as diferenças culturais entre o Japão, o Brasil e os Estados Unidos. Lá, ela também nos contou que Yamada sensei já havia telefonado para saber se havíamos ido treinar e se sabíamos voltar para o hotel. Deve ter sido por isso que ela fez questão de nos levar até a esquina da rua onde estávamos hospedados e comentar o que seria se ela perdesse os alunos do Yamada sensei em Kyoto. Nós respondemos que não seria má ideia ficar lá mais alguns dias e ela riu, mostrando um senso de humor que, as vezes, não está ao alcance da maioria dos estrangeiros que convivem com brasileiros. Nos despedimos com o convite de voltar e ficar pelo menos uma semana treinando por lá. Com certeza, esse foi um dos grandes momentos que vivi no aikido e que quero repetir em breve.


Todos nós já cometemos pequenas (ou grandes!) gafes enquanto treinamos aikido. E isso não é privilégio dos iniciantes, até mesmo os mais experientes em algum momento podem relaxar e escorregar na etiqueta. Esse texto não trata disso porque isso é normal e, de certa forma, até comum. O post é sobre aqueles comportamentos que não estão nas regras de etiqueta mas que incomodam todos e fazem a pessoa ganhar o troféu de "a mais irritante do dojo". Não foi inspirado em ninguém em particular, até mesmo porque é quase impossível alguém conseguir ser tão desligado assim... ou não?*** Vocês conhecem alguém que faça tudo isso? Ou que outros comportamentos quase acabam com o bom-humor do seu grupo?

Fale durante todo o treino - fale não, tagarele. Vale contar o que fez durante o dia, a última matéria do jornal ou o jogo do seu time, principalmente se seu companheiro for bem sério e daqueles que se concentram muito.

Ignore toda e qualquer hierarquia - você sempre achou bacana quando alguém bate palmas para todos tomarem seus lugares no início do treino, então para quê esperar ser yudansha para fazer isso? Mesmo com vários alunos mais antigos presentes, seja mais rápido e se adiante a eles. Além disso, procure algum erro do colega e corrija sempre os menos graduados... e os mais graduados também...

Controle a presença das pessoas - sempre que algum colega faltar um treino que seja, pergunte o porquê e tenha certeza de que ele saiba que você está contando as faltas. Frases como "você está faltando muito" ou "virou turista?" sempre funcionam. O mesmo vale para os exames: "mas não tem nem um ano que você fez exame...", "que pressa, hein?" ou "nossa, você vai ficar nessa graduação para sempre?" também surtem efeito.

Use muita maquiagem - se você é mulher, vá treinar com o seu batom vermelho favorito. Também use base, corretivo e autobrozeador, ou seja, qualquer coisa manche o dogi branquinho dos outros. Ah, também vale aquele hakama que solta muita tinta e que você não fez questão de lavar e fixar a cor.

Não corte as unhas - sempre existe aquelas pessoas que puxam ou empurram bem rápido, então você vai arrranhá-las até parecer que elas brigaram com um gato.

 Peça para seu uke tentar segurá-lo com muita força - e depois reclame que ele travou seu movimento.

Adquira toda a sorte de tiques - se você for uma pessoa forte fisicamente, pode dar tapinhas nas costas dos companheiros logo depois das imobilizações ou ainda se levantar apoiando todo o peso do corpo nas costelas do uke.

No fim do treino, reclame - reclame que seu pulso está doendo porque alguém entrou firme no sankyo, que você rolou torto porque outro projetou você de forma errada e que o jo do colega pegou no seu dedo indicador. Cobre de cada uma das pessoas todos aqueles pequenos incidentes que são normais durante o treino mas que você considera ataques pessoais.

Esteja SEMPRE atrasado - além de nunca chegar na hora, fique ainda uns bons 15 minutos fazendo aquecimento em um lugar que atrapalhe a passagem de todos e faça todas as perguntas que lhe vierem à cabeça, mesmo sem saber se elas já foram feitas antes da sua chegada.

Envergonhe seus colegas - sempre que estiver em um seminário ou em visita a outro dojo com um grupo, ignore todas as regras do lugar. Faça como você sempre fez no seu dojo, inclusive as técnicas que o sensei propuser acrescentando um "mas eu aprendi assim...".


***Esse é um post de ficção, qualquer semelhança com pessoas, fatos e acontecimentos, é pura coincidência.


É bem estranho quando alguém tenta descobrir seu nome procurando o bordado na parte de trás do seu hakama. Não temos esse hábito no Brasil, mas a maioria dos praticantes no Japão aplica os kanjis do nome da família (para os orientais) ou os caracteres traduzindo o som do nome (para os ocidentais) em um bordado amarelo no lado direito traseiro da abertura do hakama. Daí que o aluno perguntou a uma outra pessoa o seu nome e, não sabendo do costume, ficou bastante incomodado porque o outro só apontava o local onde estava o bordado...



Livro_GRandes_Mestres

Os autores Fábio Amador Bueno (editor e designer) e José Augusto Maciel Torres (jornalista), ambos da Fighter Magazine,  produziram um livro de um gênero que não é muito comum no Brasil: uma obra cujo objetivo é divulgar “pessoas  de grande valor que ficam anônimas perante a ausência de mídia especializada” em artes marciais.

Imagem: divulgação
O livro, dividido em doze capítulos cada um dedicado a um estilo de arte marcial, é também uma homenagem ao Grão Mestre Yoshihide Shinzato, 10o dan, nascido em Okinawa, no Japão, e residente no Brasil desde 1954, onde contribuiu efetivamente para o desenvolvimento do Karate no país.
Mestres consagrados de várias artes marciais tem sua trajetória retratada em seções separadas por categoria. O aikido conta com um pequeno resumo da biografia do O-sensei Morihei Ueshiba, e textos sobre o Shihan Vagner Bull (Instituto Takemussu), o sensei Severino Sales (Federação Brasileira de Aikido) e o sensei Paulo Cremona (Cremona Dojo).
Arte marcial é cultura, pois na maioria das modalidades tradicionais, representa épocas homéricas da história dos países e seus conflitos. Guerras imperiais, revoluções épicas, guerrilhas feudais, primórdios da espionagem militar, entre outros fatos históricos, foram protagonizados por artistas marciais, famosos ou anônimos, que escreveram as páginas do desenvolvimento marcial até a atualidade.
Cada modalidade é distinta, pois absorve os elementos religiosos, folclóricos e físicos característicos ddos povos e regiões de origem, tornando assim, o tema amplo e altamente diversificado.
Fabio Bueno
Ficha técnica:

  • Produção: BR_designers


  • Autores: Fabio Amador Bueno e José Augusto Maciel Torres


  • Ano: 2009


  • Contato: bueno@iron.com.br 

 

Primeiro texto sobre as imagens que fiz durante a viagem ao Japão. O tema é Pontes. Algumas pequenas, outras enormes. Tokyo e outras cidades que visitei estão cheios delas, cada uma com sua beleza. Se clicar na imagem, ela fica em tamanho natural.

 

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 Pontes do Yokoami-cho garden

Essas são pontes de uma pequeno jardim bem no meio do bairro Ryogoku, em Tokyo. O lugar é lindo está a meio caminho de Asakusa, num espaço tomado por prédios e grandes construções, bem a beira do Rio Sumida. Na última imagem, dá para ver o telhado do Kokugikan, tradicional arena do Sumo na Cidade.

Abaixo, as pontes coloridas sobre o Rio Sumida. São as Rainbow Bridges, que são vistas bem de perto para quem faz o passeio de barco pelo rio.

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Pontes sobre o Rio Sumida, Tokyo

 

E por último, as pontes de Nikko. A primeira, a Ponte Sagrada, fica situada bem próxima a entrada do parque nacional, na cidade de Nikko, onde fica também o mausoléu do Togugawa Itse, figura militar importante do período Edo no Japão. A outra, é a pequena ponte sobre o riacho que corre em frente ao templo da deusa das águas, Mizuhanome Kami, bem no topo dos vários montes do parque em Nikko.

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IMG_6377 Ponte sagrada, Nikko

 

IMG_6485 Próxima ao Mizuhanome Kami Shrine, Nikko

 

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Depois de um bom período sem textos, o “Onegaishimasu” está de volta. Foram muitos acontecimentos juntos: exame, preparação da viagem (incluindo aí vistos, troca de moeda, seguro, passe de trem, passagens, hospedagens, compromissos), a viagem em si e o retorno, que é sempre conturbado quando se fica tanto tempo longe de casa e das suas obrigações. Nesse período do outro lado do mundo, passei por muitas experiências ótimas e adquiri conteúdo para refletir muito, além de, claro, fotos, muitas fotos… Por isso, a partir de hoje, inauguro a seção “Imagens do Japão”, que acaba contando um pouco como foi minha experiência por lá. Abraços!

Como todos sabem, estou no Japão por 1 mês treinando no Hombu Dojo, sede da Fundação Aikikai no mundo. Aqui teve um feriado prolongado por 5 dias então somente nos últimos 2 dias o dojo esteve aberto. Frequentei as aulas do Doshu Moriteru Ueshiba que começam as 06:30h da manhã e posso dizer que foi uma experiência bem interessante. A turma é lotada e sobra pouco espaço para treinar. As pessoas, de todas as idades e nacionalidades, chegam cedo e vão direto para o vestiário, até porque só é permitico estar no dojo por 30 minutos antes e depois das aulas. Quando o aluno chega, deixa os calçados no escaninho logo na estrada perto da secretaria onde se põe a carteirinha. O vestiário feminino fica no primeiro andar, onde há um tatame menor, e o masculino no mesmo piso do tatame principal, que fica no segundo andar. Cerca de 5 minutos antes do treino, um aluno avisa que é hora de todos se sentarem e então reina um silêncio impressionante até a entrada do doshu. Um pequeno cumprimento e é hora do aquecimento rápido. Quem, como eu, precisa de um bom aquecimento e alongamento antes da aula, deve chegar antes e fazê-lo sozinho.

O treino em si é bem leve e o doshu é muito descontraído, sempre circulando e conversando com vários alunos mas durante as demonstrações não há qualquer tipo de explicação. É preciso ficar bem atento. Por isso mesmo levei uma bronca de um aluno por limpar o suor do meu rosto durante uma demonstração. Diferente da maioria dos dojos brasileiros onde treinei, cada um escolhe seu parceiro de treino antes do início da aula e permanece com ele até o fim. Foi um pouco confuso para mim no começo porque sempre que nos sentávamos eu agradecia, o que não é necessário porque as duplas permanecem juntas até o fim quando, aí sim, as pessoas se cumprimentam. Nesta época, o dojo é muito quente e há avisos para as pessoas beberem água para evitar desidratação. Ao final todos rapidamente pegam vassouras, paninhos e aspiradores para limpar a sala e deixar tudo limpo para o próximo treino. Devido aos compromissos da viagem, ainda não pude treinar com outros senseis mas, nesse horário da manhã, as pessoas são bastante solícitas e compreensivas com a desorientação inicial (e natural!) dos estrangeiros, a não ser, curiosamente,  pela maioria dos próprios outros estrangeiros que treinam aqui. De qualquer maneira, é uma grande experiência. Era um sonho e recomendo a todos.

Imagem: Folha Online

Hoje começa uma viagem "aikidoística" ao Japão e que durará cerca de 1 mês. Nesse período, o "Onegaishimasu" terá textos previamente programados e talvez a resposta a comentários e
e-mails fique um pouco lenta, dependente da disponibilidade de rede encontrada lá.





Imagine a cena: você está lá em seiza, de olhos fixos no sensei que demonstra um técnica que deve ser executada depois. Se tiver sorte poderá estar focado no movimento dos pés, das mãos, na reação do uke, se é omote, se é ura, soto ou uchi. No geral, está muito feliz em conseguir identificar de qual técnica se trata. O sensei repete muitas vezes e você, intimamente, pensa: "entendi!". Aí se levanta, cumprimenta o parceiro e... nada. Na - da. Não lembra nem como começar a técnica, muito menos os outros detalhes. Pode parecer muito frustrante mas é muito comum, praticamente todos já passaram por isso algum dia, principalmente quando eram iniciantes. E o que fazer quando isso acontece? O melhor conselho que já recebi para esses casos foi: procure o sensei. Ele vai indicar a você exatamente o que deve ser feito, e de uma maneira que você consiga entender. Mas pode acontecer de existir muitas outras pessoas na mesma situação, ou o sensei estar muito longe ou em um seminário grande. Nessas situações, talvez não seja possível esperar uma atenção especial e é importante adotar outras estratégias para que o treino não fique parado. Algumas dicas:

Calma - não se desespere. Isso é uma fase, há muita coisa para absorver de uma só vez.

Observe os colegas - em boa parte dos dojos, faz parte da cultura que o aluno mais antigo inicie o treino em duplas ou em grupos. Isso permite que os alunos mais novos vejam mais uma vez a técnica e que a sintam ser aplicada. Pode ajudar e muito a entender o que se deve fazer.

Aproveite a dúvida dos outros - pode acontecer que você não tenha chance de perguntar sua dúvida mas alguém sim. então é bom parar e observar a resposta do sensei.

Só tire dúvidas com o sensei ou o instrutor - é sempre bom evitar fazer perguntas ao seu parceiro de treino, a não ser que seja algo muito rápido e básico (como "é um tenkan?"). Isso evita haja pessoas dando verdadeiras "aulas" paralelamente ao sensei, o que, além de desrespeitoso, pode povocar uma distorsão na técnica a ser treinada. Duas pessoas raramente tem a mesma interpretação e compreensão do que lhe é ensinado e o que meu colega me ensina é somente o que ele pôde captar da demonstração.
Escolha um detalhe para estudar - se estiver impossível de captar tudo, procure apenas um detalhe da técnica para treinar. Pode ser a movimentação, a fluidez ou até mesmoa intenção. Mesmo quando acreditamos estar apreendendo tudo, muitos aspectos da técnica ficam de fora. Aos poucos, observar fica bem mais fácil porque grande parte dos princípios já foi incorporada (depois de um tempo você não precisa mais fazer a associação mental irimi tenkan = um passo e um giro pelas costas).

Seja tolerante - nenhuma arte marcial é fácil e o estímulo está também nos desafios e em aprender mais e sempre. Pense no que foi aprendido e não no que se perdeu no treino.


*Tradução livre: 
o sensei: Todos agora vão praticar Yokomenuchi kotegaeshi kataneru...
o aluno: yoko o quê!?
a aluna: significa que você vai tentar me acertar acima da orelha, então vou torturar seu pulso e depois seu braço inteiro no chão...

—E aí, como você está se sentindo como faixa preta?

É o que eu ouço constatemente dos amigos no dojo, por e-mail ou telefone. E não sei o que responder. Não mesmo... Quer dizer, mudei a cor da faixa, sento na fileira da frente e algumas pessoas agora me chamam de "sempai" mas na essência nada mudou de verdade. O curioso é que eu também achei que seria diferente e fiquei esperando por isso então entendo as pessoas fazerem esse tipo de comentário mas o pai de um aluno me perguntou outro dia:

—Já começaram a te cobrar mais?

Humm... Talvez eu que não tenha percebido algo...







Imagem: istockphoto

O leitor mais assíduo deve ter percebido que o "Onegaishimasu" está sem posts nas últimas semanas. Isso se deve basicamente a uma série de acontecimentos (inclusive a falta de acesso à internet) que impediram a publicação normal dos textos mas, nos próximos dias, a programação deve ser normalizada. Grande abraço!!!


Pois é. É amanhã. Desejem-me sorte...


O aluno havia sido aprovado no seu exame para o grau de shodan e ganhou a faixa preta do seu sensei, que tirou a que usava na hora e a ofereceu de presente. Acontece que o aluno já havia comprado uma faixa, o que fez com que alguém comentasse:

—Mas porque você trocou uma faixa novinha por essa aí, toda surrada e tão velha?




O que se treina para um exame de shodan? É possível estar preparado em apenas alguns meses? Acredito que, a princípio, não... Depois de algum tempo treinando para o meu próprio exame, penso que as bases de qualquer prática vão se construindo com o passar do tempo e com a experiência de cada um. Já ouvi várias vezes, e concordo com isso, que cada pessoa começa a treinar aikido com uma determinada expectativa e que, aos poucos, pode ir se transformando em outra. Toda essa modificação (ou a falta dela) faz parte da construção do aikidoca que um dia fará seu exame de shodan, normalmente considerado um marco na prática do aluno. O que se vai adquirindo ao longo de tantos anos não pode ser aprendido em poucos meses exatamente por se tratar de um conhecimento totalmente dependente da vivência e da experiência. A repetição da forma das técnicas sem seu conteúdo talvez possa ser memorizada em pouco tempo, ou ainda a atitude correta pode estar lá mas sem a forma correta não tem eficiência. Por isso, hoje acredito que todo dia dentro do dojo (seja no treino diário, no seminário ou no exame) é tão importante quanto aqueles em que se sua o dogi em simulados.

Umas das principais preocupações de saúde pública no momento é a evolução da gripe provocada pelo vírus influenza A (H1N1). Apesar de não ser um assunto diretamente ligado ao blog, a hora agora é de disseminar informações e não existe ferramenta mais ágil que a internet. Além disso, os aikidocas estão sempre em contato direto com um grande números de pessoas ao mesmo tempo em locais quase sempre fechados nessa época do ano.

O médico sanitarista e ministro da saúde José Gomes Temporão acaba de dar uma longa entrevista no Programa do Jô onde tratou do tema. O ministro se expressa muito didaticamente e tem vários vídeos no youtube sobre os diversos aspectos do assunto (como este abaixo):

O principal ponto tratado foi o fato de que o vírus H1N1 ainda tem as mesmas características do vírus da gripe comum, seja em relação a sua estrutura, seja em relação à doença que causa. Este fator é fundamental para entender as medidas de prevenção e tratamento que devem ser tomadas. Abaixo, um pequeno resumo da entrevista:

Situação atual

No Brasil, o momento atual é de “transmissão sustentada”, o que significa que o vírus já circula livremente pelo país e não mais é trazido somente de fora das fronteiras, ou seja, não é preciso mais viajar ou ter contato com quem viajou para se contrair a gripe. Inicialmente, quando o vírus vinha de fora, cada pessoa com sintomas era testada, monitorada, acompanhada e tratada, assim como todos que tiveram contato com ela. Isso permitiu que uma eficiente barreira sanitária evitasse a proliferação do vírus no país por, segundo os dados oficiais, cerca de 80 dias. Em algum momento essa barreira foi rompida (em virtude de grande número de pessoas envolvidas) e foi diagnosticado o primeiro caso (em Osasco na grande São Paulo) em que não foi possível estabelecer uma relação entre o paciente e alguém que pudesse ter trazido o vírus de fora. A partir deste momento, deixou de ser necessário realizar o exame que diagnostica os todos os casos de gripe causados pelo vírus H1N1, exceto naqueles que evoluem para sintomas graves.

Sintomas

Como qualquer gripe, o período de incubação do H1N1 é de 3 a 7 dias, ou seja, o vírus leva aproximadamente esse tempo para se reproduzir e causar os sintomas. A partir daí, a evolução leva 7 dias e a gripe tem os mesmos sintomas dos de um gripe comum:

  • febre alta (mais que 38 graus)
  • tosse
  • dores no corpo (músculos e articulações)
  • dor de cabeça

Conduta

A orientação é que aparecendo os sintomas, se procure o médico da família ou o posto de saúde mais próximo. NÃO é necessário se dirigir ao hospitais, que devem estar liberados para tratar os casos graves da doença. Nos casos leves (a maioria), o paciente deve permanecer em casa, de preferência longe do resto da família e evitar compartilhar objetos de uso pessoal (copos, talheres, etc.).

Diagnóstico e tratamento

Segundo o ministro da saúde, dos casos graves, 17% são causados pelos vírus influenza normal e 14% pelo H1N1. Como as duas gripes tem a mesma forma de contágio, sintomas e tratamento, não há nenhuma necessidade de ser realizar o diagnóstico “de certeza” de qual vírus se trata. Nos dois casos, as pessoas recebem o mesmo tratamento, inclusive os mesmos medicamentos, e apenas aquelas que evoluem para sintomas graves de gripe devem receber o antiviral fosfato de oseoltamivir (Tamiflur). Aliás, é importante que o vírus H1N1 tenho o mínimo contato possível com o antigripal para diminuir a possibilidade de desenvolvimento de resistência.

Prevenção

Os vírus causadores das gripes são transmitidos pelo contato direto e o H1N1, após alguém infectado ter tossido ou espirrado, pode resistir por até 72 horas nas gotículas expelidas. A orientação é que todos lavem bem as mãos (palma, dorso, unhas e entre os dedos) várias vezes ao dia com água e sabão ou álcool em gel. A máscara cirúrgica deve ser utilizada somente pelos DOENTES no trânsito ao hospital ou médico (e outras ocasiões pertinentes). O uso pelas pessoas saudáveis, além de ser ineficaz a médio prazo, pode criar um microclima no espaço do interior da máscara que favorece a cultura de fungos e bactérias.

No tatame

Nós, que geralmente chegamos ao dojo vindos dos mais diversos lugares, podemos, além de seguir as orientações básicas, também fazer a higienização das mãos ANTES de entrarmos no tatame para prevenir a difusão do vírus entre os colegas e, claro, ao sair dele, para evitar levá-lo para casa. Além da limpeza rotineira na área do tatame propriamente dita que deve merecer mais cuidados.

Informações

Site: www.saude.gov.br

Telefone: 0800 61 1997

Por favor, quaisquer dicas, correções e colaborações no e-mail onegaishimasu.blog@gmail.com ou nos comentários.

Jyu waza. Simplificadamente, técnicas livres aplicadas em um ou mais atacantes. Visa aperfeiçoar o reflexo, a agilidade e a fluidez do praticante. Não há muito tempo para pensar e, às vezes, nem espaço também, ou seja, é um momento perfeito para que aconteçam coisas que vão direto ao "Aconteceu" no Dojo...". Tentei separar um desses episódios para contar mas a tarefa é difícil: já vi escorregões, tapas no rosto, dedo no olho, chutes e até um hakama rasgado. Incrível mesmo é que todos saem felizes e esperando o próximo. Vai entender...


Era um grande evento de aikido, durava dias. Depois de mais de 20 horas de treinos acumuladas, o shodan estava exausto e queria que o próximo treino fosse mais leve. Como naquele país o padrão era que se treinasse com a mesma pessoa do começo ao fim da aula, ele viu uma moça pequena e bem magra e depressa pediu "onegaishimasu". Erro de julgamento, contou depois que ela era uma shihan e que ele nunca "sofreu" tanto...



Imagem: bbteca

Já ouvi várias vezes, e concordo, que cada pessoa inicia sua prática de aikido com uma determinada expectativa. Pode ser deixar de ser sedentário, buscar auto-conhecimento, equilibrar o stress ou a agressividade ou mesmo se integrar a um grupo social. Conheço pessoas que desejavam aprender a se defender fisicamente e outras que vieram treinar porque conheciam a arte há muitos anos e sempre se identificaram com a filosofia relacionada à sua prática. Qual destes objetivos era o meu? Qual era o seu? Qual deles é "mais válido"? Penso que nenhum... ou todos.

Todos os dias nos dojos do mundo afora pessoas com desejos diferentes treinam juntas e em harmonia. Na verdade, harmonia é a palavra-chave e o que permite a convivência de pessoas tão diversas é a tolerância com que tratam umas às outras e aceitam suas expectativas. Alguém que quer aprender a respirar melhor pode treinar em total sintonia com outro preocupado apenas com a eficiência da técnica. Outro, que acha lúdico o treino de ukemis, consegue tirar proveito do treino com alguém que acha aborrecido e quer mesmo é treinar com armas. Acontece que todas essas pessoas acabam, cada uma em seu caminho, se dirigindo para o mesmo lugar. Depois de um tempo, essas diferenças se tornam irrelevantes e mesmo que esses caminhos não sejam necessariamente os mesmos (porque o ponto de partida não foi), a tendência é, se não o abandono do objetivo único inicial, a agregação de outros fatores. É a prática que nos leva a chegar nesse ponto comum que, para mim, representa uma evolução pessoal, um desenvolvimento do nosso espírito.


NOTA (para todas as meninas que perguntaram):
Como mulher aikidoca, raríssimas vezes fui vítima de alguma intolerância mas, quando aconteceu, foi muito chocante, exatamente por ser tão inesperado. Ter um julgamento sobre alguém por ser mulher, criança, forte, magro ou ter um estilo de treino diferente do nosso é normal, nós analisamos o que nos rodeia com base no que vemos. Deixar de treinar com alguém ou achar que que esse alguém é menos capaz por suas características, além de significar ter uma ideia preconcebida, um preconceito, é discriminação. Um exemplo clássico é quando alguém diz que outro treina de uma forma "errada" só porque é diferente da "sua" forma ou a do seu sensei, ou seja, uma visão pobre justamente porque é baseada tendo apenas a si próprio como referência. Também já ouvi alguém dizer que tem medo de treinar com mulheres por causa da probabilidade de machucá-las. Penso que qualquer pessoa espera que o seu parceiro de treino pratique tendo em mente sua limitação (e capacidade!) técnica e não sua condição de mulher (ou qualquer outra, veja esse post). Apesar disso, acredito que o mais importante é que esse tipo de atitude também muda naturalmente com o passar do tempo confome nós vamos evoluindo, elevando muito nossa possibilidade de aprendizado.

No texto sobre a palavra "
sensei" há uma pequena citação a respeito da utilização do termo "waka", que diferencia o membro mais jovem da família onde há mais de um sensei (professor, médico, sacerdote), evitando confusão entre as pessoas de mesmo sobrenome. No caso do aikido, frequentemente usamos a expressão "waka sensei" para o filho do doshu em exercício.
O primeiro
doshu (algo como o mestre do caminho) foi o fundador do aikido, Morihei Ueshiba, sucedido por seu filho Kishomaru Ueshiba em 1969. O terceiro doshu, Moriteru Ueshiba, assumiu o cargo em 1999 e hoje quem chamamos de waka sensei é Mitsuteru Ueshiba, seu filho. Abaixo, pequenas demonstrações no 47th All Japan Aikido:



Doshu Moriteru Ueshiba


Waka sensei Mitsuteru Ueshiba


Nota: tive o prazer e a honra de treinar com o doshu Moriteru Ueshiba em sua visita ao Brasill em 2006 mas nunca havia visto o waka sensei praticando até encontrar o vídeo no ótimo blog português
Aiki. Obrigada, Paulo!



Perguntas frequentes que se ouve na secretaria de um dojo quando alguém vem pedir informações sobre aikido:


— Posso treinar com qualquer kimono? Tenho um preto com costuras douradas...

Em quanto tempo faço o primeiro exame?

Em quanto tempo "viro" faixa preta?

Em quanto tempo eu consigo me defender na rua?

— Mas é tudo combinado, né?

— Dói?

— Tem de aprender a falar japonês?

— O que é aquela casinha (o shinden, no kamidana)?

— Como são as competições?

— Não tem competição? Então para que serve?

— Consigo emagrecer treinando duas vezes por semana?

— Ah, tem mulher treinando, é?

— Ah, as "lutas" não são separadas por categoria, não? Nem por peso do praticante?

— Por que tem umas pessoas que usam essa saia?

— Aikido é "tipo" judo?

— Aikido é "tipo" jiu jitsu?

— Aikido é "tipo" taekwondo?

— Aikido é "tipo" Karate Kid (o filme)? Contei esse episódio aqui...


NOTA: esta NÃO é uma obra de ficção, acontece assim mesmo. Este é um post em homenagem a toda(o)s a(o)s secretária(o)s que ouvem (e respondem!) essa perguntas quase diariamente. Muito obrigada, vocês são meus modelos de paciência!

*Frequently asked questions (perguntas mais frequentes)


















Há alguns dias o blog Onegaishimasu recebeu a milésima visita única. Lá no final da barra lateral do blog há um contador (Statcounter) que registra cada um dos acessos e que permite a visualização de informações como os assuntos
mais procurados, links de entrada e saída, região do país de onde vem as visitas ou quantas vezes o mesmo endereço de IP acessou alguma página. Essas 1000 visitas são aquelas de acesso único, ou seja, cada vez que o visitante entra no blog é registrada, independente de quantas páginas ele leu ou o quanto navegue pelos hipertextos. É um número muito expressivo para um blog pessoal e mais ainda por se tratar de um assunto tão restrito e pouco conhecido. Isto significa confiança, então só posso dizer muito obrigada a todos que se interessam pelo Aikido e leram alguns dos textos daqui. Domo arigato gozaimashita!!!!!


No período Edo (séculos XVII a XIX) houve uma certa difusão da espiritualidade nas artes marciais e o termo dojo passou a ser utilizado também como o "local (jo) do caminho (do)" para designar o lugar de prática e não somente o local onde os mongens praticavam meditação. Isto e o fato de que o fundador do aikido, o-sensei Morihei Ueshiba, era praticante do budismo shintoísta, trouxe vários elementos desta religião para os dojos de aikido em todo o mundo. O melhor exemplo é a presença de kamidanas nos kamizas de muitos locais de treinamento. Esta presença pode dar a falsa impressão de correlação direta entre religião e aikido e ainda ser motivo de algum constrangimento entre alunos que professem outra religião, uma vez que em muitos lugares se realiza a ritual de reverência em direção ao kamiza no início e fim dos treinos. Esse é o caso do dojo onde pratico no qual existe um kamidana com uma pequena réplica de altar budista (shinden) e, há algumas semanas, percebi que um colega participava da reverência apenas na parte dirigida à imagem do fundador e ao sensei ou instrutor do treino. Tentando não ser muito invasiva, perguntei a ele se havia algum impedimento religioso para tal e ele respondeu que sim mas que era uma questão pessoal, não havia uma proibição formal. Continuando a conversa, também fiquei sabendo que ele se sentia completamente à vontade para realizar o rei para o sensei ou o imagem do fundador porque, nesse caso, se trata apenas uma expressão de gratidão e respeito e não algo de caráter religioso.

Com sua devida permissão, decidi publicar este relato para ilustrar o fato de que, mesmo que objetivo principal seja mostrar, como bem citou meu colega, gratidão e respeito pela pessoa que fundou a arte que praticamos e por aquelas que se propoem a nos ensiná-la, cada um pode ter suas próprias motivações durantes o rituais que iniciam e terminam os treinos. Durante o mokuso, por exemplo, costumo me concentrar e desejar fazer (ou agradecer por) um bom treino mas sei de pessoas que fazem pequena orações, recitam mantras ou ainda realizam exercícios de respiração. Da mesma forma, o zarei (quando há) pode ser opcional se o aluno não se sente à vontade de realizá-lo por qualquer motivo (sempre com uma consulta prévia ao sensei, que conseguirá esclarecer qualquer dúvida). Todas essas atitudes são válidas e guardam a mesma essência de boa vontade.
Todos os aikidocas sabem que não se deve passar na frente do sensei, não é? E quando ele está em seiza? E quando ele está em seiza durante um exame? E quando ele está em seiza, durante um exame, junto com mais seis outros senseis também em seiza? Pois foi exatamente isso que a aluna fez quando tentou entregar as fichas de avaliação dos candidatos...
No "Diário" (parte II), falei que consta de meu exame a demonstração de técnicas livres de tomada de tanto. É necessário demonstrar defesas para ataques em tsuki, yokomen, shomen além de ushiro, yoko e mae waza. Como são técnicas que não praticamos em todas as aulas, é necessário um pouco de pesquisa e alguns treinos de aperfeiçoamento das técnicas mais familiares ao aluno. Boas fontes são vídeos de seminários, workshops e de exames de colegas.

Aqui abaixo, dois vídeos de inspiração para técnicas de tanto tori, o primeiro de uma demonstração (estilo Iwama) e o segundo do estilo Aikikai com Yamada sensei:




Estilo Iwama -
kote gaeshi, ikkyo, kubi shime, shiho nage, sankyo, kokyo.


Yamada sensei -
mae waza, katatori tsuki, tsuki, ushiro katate kubishime (clique no link, este vídeo não pode ser incorporado)

O que se faz quando seu hakama rasga de cima a baixo bem no meio de uma demonstração em um treino com uma turma lotada? Meu amigo apenas olhou para o sensei e disse calmamente:

— Sensei, acho que eu tenho um problema...





Imagem: Educar Já!



Holding Up Half The Sky - Women in Aikido é um vídeo de 60 minutos que traz a compilação de demonstrações e entrevistas das dez mulheres mais influentes no aikido dos Estados Unidos.
Imagem: sensei Yoko Okamoto (daqui)

Segundo a aikidoca e produtora do vídeo, Malory Graham, a inspiração foi perceber que a maioria dos seminários realizados ao redor do mundo eram ministrados instrutores homens, enquanto que as mulheres, de mesma graduação ou maior, eram ignoradas neste aspecto.

As entrevistas ali contidas foram, muitas vezes, gravadas nos dojos onde as aikidocas eram chefes dos instrutores. Editado em 2004, o objetivo era dar visibilidade ao aikido praticado pelas "top ten" mulheres da United States Aikido Federation que, na época, possuiam graduação de 5o dan ou mais. Participam Penny Bernath (instrutora sênior do Florida Aikikai, 6
o dan), Barbara Britton (instrutora do Framinghan Aikikai, 6o dan), Coryl Crane (instrutora chefe do North County Aikikai, shihan 6o dan), Lorraine DiAnne (instrutora chefe do Westside Aikikai, shihan 6o dan), Gloria Nomura (instrutora chefe do San Francisco Aikikai, shihan 6o dan) Yoko Okamoto (fundadora do Portland Aikikai e instrutora chefe do Aikido Kyoto, 6o dan), Jane Ozeki (instrutora do New York Aikikai, 7o dan), Kristina Varjan (shihan 6o dan), Susan Wolk (instrutora do Aikido of Northampton por 25 anos, secretária geral da U.S. A. F., 6o dan) e Gina Zarrilli (6o dan).

Abaixo, um extrato com Penny Bernath sensei:



NOTA: O site do projeto traz informações adicionais e o vídeo, em formado DVD ou VHS, pode ser adquirido com pagamento via PayPal e enviado para todos os países.
Imagem: Shinto-Religion.com

Parece que há alguma confusão entre as denominações kamiza e kamidana que, às vezes, são utilizadas indistintamente mas que designam elementos, embora relacionados, totalmente diferentes.
O kamiza ou
shomem é o lado principal da área de treinamento de um dojo (veja "estrutura do dojo") e pode conter, entre outros elementos,um kamidana, a foto do fundador e uma caligrafia emoldurada. Alguns dojos costumam colocar também flores um conjunto de armas do sensei ou ainda fotografias que ilustrem sua linhagem de treinamento, desde seu mestre imediato até o doshu ou fundador do seu estilo de aikido.
Segundo o
site Japão Tradicional, a expressão kamidana quer dizer literalmente a base onde fica o kami (divindade) e deve conter apenas os pertences relacionados ao altar, como um shinden, que significa "a casa do kami" e é uma pequena réplica de templo budista/shintoísta.

Segundo o contador de visitas do blog (Statcounter), o link de entrada mais utilizado pelos leitores do Onegaishimasu é a busca por ukemis no google. Para esses e outros leitores, aqui está uma republicação do glossário de ukemis com vídeos dos principais rolamentos e quedas:

  • Mae kaiten - rolamento para frente (vídeo)

  • Mae yoko - rolamento frontal com finalização lateral (básico, avançado)

  • Ushiro hanten - queda* para trás com parada (vídeo)

  • Ushiro kaiten - rolamento para trás com giro completo (vídeo)

  • Ushiro mae kaiten - rolamento de mae kaiten para trás

  • Ushiro mae yoko - rolamento de mae yoko para trás (vídeo)

  • Ushiro otoshi - queda* de costas (vídeo)

  • Ushiro yoko hanten - queda* para trás com finalização lateral com parada

  • Ushiro yoko kaiten - rolamento para trás com finalização lateral
Aqui, vídeo com uma proposta de treino de quedas com finalização lateral. Neste, treino para ushiro otoshi e neste, aplicação prática de quedas.


せんせい - Sensei - (se-n-se-ê)
*
Transcrição fonética da palavra sensei

Recebi o seguinte e-mail do leitor do blog Yeddo Soledade:
"Soraya, você poderia escrever sobre o que é um sensei? Não a respeito do que significa mas como alguém se torna sensei ou quando isso acontece... a partir de qual graduação ou porque é assim..."

O Yeddo é meu amigo, nos conhecemos quando morei por um tempo no nordeste e treinamos juntos no mesmo dojo em Salvador, na Bahia. Sua colaboração veio já há muitas semanas mas essa foi uma pesquisa difícil de ser feita apesar de já estar escrevendo o texto sobre a qualificação de instrutores da Fundação Aikikai. E a razão é bem simples: há muita variação e pouco material escrito sobre o assunto. Não há regras e cada organização ou mesmo dojo trata do assunto de uma forma diversa. Apesar disso, alguns pontos parecem ser consenso e é deles que o post trata.
O título registrado de "sensei" (como os shidoin, fukushidoin e shihan) não existe e a palavra quer dizer literalmente "aquele que veio antes". No Japão, o termo sensei é usado para professores, mestres e líderes religiosos (como monges), mas nas artes marciais tem a conotação, quase sempre, daquele que tem experiência para ensinar e orientar os discípulos. Normalmente, os alunos mais iniciantes têm a tendência de identificar qualquer yudansha como sensei mas, apesar de algumas artes marciais adotarem essa postura, o mais comum no aikido é que o termo seja exclusivo daqueles de mais alta graduação, normalmente acima de 3o dan. Umas das melhores explicações que ouvi foi a que um sensei é um "guardião das tradições" e que, portanto, precisa conhecer e respeitar essas tradições, o que talvez seja muito prematuro para alguém tão iniciante quanto um aluno de 1o ou 2o dan. Lembrando que na cultura oriental o aluno se torna shodan relativamente cedo e se considera que a partir daí se inicia a parte mais importante do aprendizado.
Para nós, o sensei mais conhecido é, claro, o fundador Morihei Ueshiba, conhecido como o-sensei ou "grande sensei", título que é utilizado também para outros mestres importantes como, o fundador do karate kyokushin, Masutatsu Oyama sensei, por exemplo. O termo waka sensei (jovem sensei) é relacionado ao membro mais jovem de uma família (ou de pessoas que tem o mesmo nome) e é utilizado para designar o filho do doshu, que por ser o mais velho é chamado de daisensei.


*No Brasil e na maior parte do ocidente, a palavra sensei é pronunciada da mesma forma que é escrita mas, em japonês, o "i" final é suprimido.


Antes mesmo de receber o convite para prestar exame, uma das minhas maiores preocupações era executar bem ushiro otoshi ukemi. Como não é uma queda que eu treine regularmente (exceto as formas básicas), tenho alguma dificuldade com a forma "aérea" e portanto tenho treinado bastante este rolamento (treino mesmo, nem é porque meu sensei lê esse blog...). A forma mais comum de treino necessita da ajuda de uma outra pessoa que forneça um ponto de apoio mas é possível desenvolver sozinho outras maneiras de estudar o ukemi. Uma delas é a mostrada no vídeo abaixo:



O autor do vídeo propõe um método no estilo "passo-a-passo" que é iniciado com exercícios de "solo" e que vão progredindo até o ukemi aéreo completo. Uma outra abordagem é feita também pelo sensei Donovan Waite no "Meeting The Mat", sobre o qual já foi feito uma resenha aqui no blog.

Imagem: Rosemberg Sampaio

Esta imagem, apesar de visualmente poluída (sem edição, note as pessoas e os objetos atrás), é interessante porque foi captada em um seminário para 1300 pessoas e o Tamura sensei parece flutuar fazendo mae kaiten ukemi completamente só (os alunos observavam fora do enquadramento). Ele, com mais de 70 anos, demonstrou força e vigor impressionantes em dois dias de treinos. Buenos Aires, Argentina, novembro de 2007.

Como citado na parte II do Diário, meu exame para shodan inclui henka waza, que deve ser demonstrada em, no mínimo, 5 modos diferentes. Para esse tipo de treino, gosto muito do modo sugerido pelo sensei: para cada ataque, o nage vai aplicando um número determinado de técnicas encadeadas, sempre mantendo o contato com o uke que reage sutilmente a cada defesa não completamente finalizada. Por exemplo, o uke ataca em shomen uchi e o nage pode aplicar primeiro kote gaeshi. O uke consegue ficar de pé antes da imobilização e o nage aplica a segunda técnica (shiho nage, por exemplo). Quando o uke novamente reage antes da imobilização, o uke aplica sankyo e segue então com yonkyo e finalmente com kokyo ho.
Seguindo o modelo deste exemplo, pode-se treinar uma infinidade de sequências partindo de diferentes modos de ataque e de números de técnicas aplicadas.
O que vai contar é o repertório do praticante e a movimentação adequada para manter a conexão e o contato com o uke.