Umas das principais preocupações de saúde pública no momento é a evolução da gripe provocada pelo vírus influenza A (H1N1). Apesar de não ser um assunto diretamente ligado ao blog, a hora agora é de disseminar informações e não existe ferramenta mais ágil que a internet. Além disso, os aikidocas estão sempre em contato direto com um grande números de pessoas ao mesmo tempo em locais quase sempre fechados nessa época do ano.

O médico sanitarista e ministro da saúde José Gomes Temporão acaba de dar uma longa entrevista no Programa do Jô onde tratou do tema. O ministro se expressa muito didaticamente e tem vários vídeos no youtube sobre os diversos aspectos do assunto (como este abaixo):

O principal ponto tratado foi o fato de que o vírus H1N1 ainda tem as mesmas características do vírus da gripe comum, seja em relação a sua estrutura, seja em relação à doença que causa. Este fator é fundamental para entender as medidas de prevenção e tratamento que devem ser tomadas. Abaixo, um pequeno resumo da entrevista:

Situação atual

No Brasil, o momento atual é de “transmissão sustentada”, o que significa que o vírus já circula livremente pelo país e não mais é trazido somente de fora das fronteiras, ou seja, não é preciso mais viajar ou ter contato com quem viajou para se contrair a gripe. Inicialmente, quando o vírus vinha de fora, cada pessoa com sintomas era testada, monitorada, acompanhada e tratada, assim como todos que tiveram contato com ela. Isso permitiu que uma eficiente barreira sanitária evitasse a proliferação do vírus no país por, segundo os dados oficiais, cerca de 80 dias. Em algum momento essa barreira foi rompida (em virtude de grande número de pessoas envolvidas) e foi diagnosticado o primeiro caso (em Osasco na grande São Paulo) em que não foi possível estabelecer uma relação entre o paciente e alguém que pudesse ter trazido o vírus de fora. A partir deste momento, deixou de ser necessário realizar o exame que diagnostica os todos os casos de gripe causados pelo vírus H1N1, exceto naqueles que evoluem para sintomas graves.

Sintomas

Como qualquer gripe, o período de incubação do H1N1 é de 3 a 7 dias, ou seja, o vírus leva aproximadamente esse tempo para se reproduzir e causar os sintomas. A partir daí, a evolução leva 7 dias e a gripe tem os mesmos sintomas dos de um gripe comum:

  • febre alta (mais que 38 graus)
  • tosse
  • dores no corpo (músculos e articulações)
  • dor de cabeça

Conduta

A orientação é que aparecendo os sintomas, se procure o médico da família ou o posto de saúde mais próximo. NÃO é necessário se dirigir ao hospitais, que devem estar liberados para tratar os casos graves da doença. Nos casos leves (a maioria), o paciente deve permanecer em casa, de preferência longe do resto da família e evitar compartilhar objetos de uso pessoal (copos, talheres, etc.).

Diagnóstico e tratamento

Segundo o ministro da saúde, dos casos graves, 17% são causados pelos vírus influenza normal e 14% pelo H1N1. Como as duas gripes tem a mesma forma de contágio, sintomas e tratamento, não há nenhuma necessidade de ser realizar o diagnóstico “de certeza” de qual vírus se trata. Nos dois casos, as pessoas recebem o mesmo tratamento, inclusive os mesmos medicamentos, e apenas aquelas que evoluem para sintomas graves de gripe devem receber o antiviral fosfato de oseoltamivir (Tamiflur). Aliás, é importante que o vírus H1N1 tenho o mínimo contato possível com o antigripal para diminuir a possibilidade de desenvolvimento de resistência.

Prevenção

Os vírus causadores das gripes são transmitidos pelo contato direto e o H1N1, após alguém infectado ter tossido ou espirrado, pode resistir por até 72 horas nas gotículas expelidas. A orientação é que todos lavem bem as mãos (palma, dorso, unhas e entre os dedos) várias vezes ao dia com água e sabão ou álcool em gel. A máscara cirúrgica deve ser utilizada somente pelos DOENTES no trânsito ao hospital ou médico (e outras ocasiões pertinentes). O uso pelas pessoas saudáveis, além de ser ineficaz a médio prazo, pode criar um microclima no espaço do interior da máscara que favorece a cultura de fungos e bactérias.

No tatame

Nós, que geralmente chegamos ao dojo vindos dos mais diversos lugares, podemos, além de seguir as orientações básicas, também fazer a higienização das mãos ANTES de entrarmos no tatame para prevenir a difusão do vírus entre os colegas e, claro, ao sair dele, para evitar levá-lo para casa. Além da limpeza rotineira na área do tatame propriamente dita que deve merecer mais cuidados.

Informações

Site: www.saude.gov.br

Telefone: 0800 61 1997

Por favor, quaisquer dicas, correções e colaborações no e-mail onegaishimasu.blog@gmail.com ou nos comentários.

Jyu waza. Simplificadamente, técnicas livres aplicadas em um ou mais atacantes. Visa aperfeiçoar o reflexo, a agilidade e a fluidez do praticante. Não há muito tempo para pensar e, às vezes, nem espaço também, ou seja, é um momento perfeito para que aconteçam coisas que vão direto ao "Aconteceu" no Dojo...". Tentei separar um desses episódios para contar mas a tarefa é difícil: já vi escorregões, tapas no rosto, dedo no olho, chutes e até um hakama rasgado. Incrível mesmo é que todos saem felizes e esperando o próximo. Vai entender...


Era um grande evento de aikido, durava dias. Depois de mais de 20 horas de treinos acumuladas, o shodan estava exausto e queria que o próximo treino fosse mais leve. Como naquele país o padrão era que se treinasse com a mesma pessoa do começo ao fim da aula, ele viu uma moça pequena e bem magra e depressa pediu "onegaishimasu". Erro de julgamento, contou depois que ela era uma shihan e que ele nunca "sofreu" tanto...



Imagem: bbteca

Já ouvi várias vezes, e concordo, que cada pessoa inicia sua prática de aikido com uma determinada expectativa. Pode ser deixar de ser sedentário, buscar auto-conhecimento, equilibrar o stress ou a agressividade ou mesmo se integrar a um grupo social. Conheço pessoas que desejavam aprender a se defender fisicamente e outras que vieram treinar porque conheciam a arte há muitos anos e sempre se identificaram com a filosofia relacionada à sua prática. Qual destes objetivos era o meu? Qual era o seu? Qual deles é "mais válido"? Penso que nenhum... ou todos.

Todos os dias nos dojos do mundo afora pessoas com desejos diferentes treinam juntas e em harmonia. Na verdade, harmonia é a palavra-chave e o que permite a convivência de pessoas tão diversas é a tolerância com que tratam umas às outras e aceitam suas expectativas. Alguém que quer aprender a respirar melhor pode treinar em total sintonia com outro preocupado apenas com a eficiência da técnica. Outro, que acha lúdico o treino de ukemis, consegue tirar proveito do treino com alguém que acha aborrecido e quer mesmo é treinar com armas. Acontece que todas essas pessoas acabam, cada uma em seu caminho, se dirigindo para o mesmo lugar. Depois de um tempo, essas diferenças se tornam irrelevantes e mesmo que esses caminhos não sejam necessariamente os mesmos (porque o ponto de partida não foi), a tendência é, se não o abandono do objetivo único inicial, a agregação de outros fatores. É a prática que nos leva a chegar nesse ponto comum que, para mim, representa uma evolução pessoal, um desenvolvimento do nosso espírito.


NOTA (para todas as meninas que perguntaram):
Como mulher aikidoca, raríssimas vezes fui vítima de alguma intolerância mas, quando aconteceu, foi muito chocante, exatamente por ser tão inesperado. Ter um julgamento sobre alguém por ser mulher, criança, forte, magro ou ter um estilo de treino diferente do nosso é normal, nós analisamos o que nos rodeia com base no que vemos. Deixar de treinar com alguém ou achar que que esse alguém é menos capaz por suas características, além de significar ter uma ideia preconcebida, um preconceito, é discriminação. Um exemplo clássico é quando alguém diz que outro treina de uma forma "errada" só porque é diferente da "sua" forma ou a do seu sensei, ou seja, uma visão pobre justamente porque é baseada tendo apenas a si próprio como referência. Também já ouvi alguém dizer que tem medo de treinar com mulheres por causa da probabilidade de machucá-las. Penso que qualquer pessoa espera que o seu parceiro de treino pratique tendo em mente sua limitação (e capacidade!) técnica e não sua condição de mulher (ou qualquer outra, veja esse post). Apesar disso, acredito que o mais importante é que esse tipo de atitude também muda naturalmente com o passar do tempo confome nós vamos evoluindo, elevando muito nossa possibilidade de aprendizado.

No texto sobre a palavra "
sensei" há uma pequena citação a respeito da utilização do termo "waka", que diferencia o membro mais jovem da família onde há mais de um sensei (professor, médico, sacerdote), evitando confusão entre as pessoas de mesmo sobrenome. No caso do aikido, frequentemente usamos a expressão "waka sensei" para o filho do doshu em exercício.
O primeiro
doshu (algo como o mestre do caminho) foi o fundador do aikido, Morihei Ueshiba, sucedido por seu filho Kishomaru Ueshiba em 1969. O terceiro doshu, Moriteru Ueshiba, assumiu o cargo em 1999 e hoje quem chamamos de waka sensei é Mitsuteru Ueshiba, seu filho. Abaixo, pequenas demonstrações no 47th All Japan Aikido:



Doshu Moriteru Ueshiba


Waka sensei Mitsuteru Ueshiba


Nota: tive o prazer e a honra de treinar com o doshu Moriteru Ueshiba em sua visita ao Brasill em 2006 mas nunca havia visto o waka sensei praticando até encontrar o vídeo no ótimo blog português
Aiki. Obrigada, Paulo!



Perguntas frequentes que se ouve na secretaria de um dojo quando alguém vem pedir informações sobre aikido:


— Posso treinar com qualquer kimono? Tenho um preto com costuras douradas...

Em quanto tempo faço o primeiro exame?

Em quanto tempo "viro" faixa preta?

Em quanto tempo eu consigo me defender na rua?

— Mas é tudo combinado, né?

— Dói?

— Tem de aprender a falar japonês?

— O que é aquela casinha (o shinden, no kamidana)?

— Como são as competições?

— Não tem competição? Então para que serve?

— Consigo emagrecer treinando duas vezes por semana?

— Ah, tem mulher treinando, é?

— Ah, as "lutas" não são separadas por categoria, não? Nem por peso do praticante?

— Por que tem umas pessoas que usam essa saia?

— Aikido é "tipo" judo?

— Aikido é "tipo" jiu jitsu?

— Aikido é "tipo" taekwondo?

— Aikido é "tipo" Karate Kid (o filme)? Contei esse episódio aqui...


NOTA: esta NÃO é uma obra de ficção, acontece assim mesmo. Este é um post em homenagem a toda(o)s a(o)s secretária(o)s que ouvem (e respondem!) essa perguntas quase diariamente. Muito obrigada, vocês são meus modelos de paciência!

*Frequently asked questions (perguntas mais frequentes)


















Há alguns dias o blog Onegaishimasu recebeu a milésima visita única. Lá no final da barra lateral do blog há um contador (Statcounter) que registra cada um dos acessos e que permite a visualização de informações como os assuntos
mais procurados, links de entrada e saída, região do país de onde vem as visitas ou quantas vezes o mesmo endereço de IP acessou alguma página. Essas 1000 visitas são aquelas de acesso único, ou seja, cada vez que o visitante entra no blog é registrada, independente de quantas páginas ele leu ou o quanto navegue pelos hipertextos. É um número muito expressivo para um blog pessoal e mais ainda por se tratar de um assunto tão restrito e pouco conhecido. Isto significa confiança, então só posso dizer muito obrigada a todos que se interessam pelo Aikido e leram alguns dos textos daqui. Domo arigato gozaimashita!!!!!