Para a maioria dos aikidocas, dojo é basicamente o lugar de treinar aikido mas, segundo as tradições budistas, significa "local de iluminação", sala ou salão onde os monges praticavam meditação, respiração e disciplinas relacionadas. No período Edo (séculos XVII a XIX), houve uma certa difusão da espiritualidade nas artes marciais e o termo passou a ser utilizado também como o "local (jo) do caminho (do)" e designar o lugar de prática. Originalmente, o dojo era um local fechado e recolhido, onde cada escola defendia suas cores e guardava cuidadosamente suas técnicas que eram repassadas a cada geração de discípulos. O dojo moderno conservou esse espírito do secreto que, por extensão, se transformou em sagrado.

Na versão mais atual, os dojos podem se situar em ginásios e academias e nem todos possuem o conjunto completo de elementos encontrados nos espaços mais tradicionais, ou ainda estes podem ser ligeiramente modificados para se adequar à estrutura física disponível. Além dos espaços "administrativos" (vestiário, secretaria, quadro de avisos, espaço de convívio), possuem a área de prática propriamente dita, que consiste no conjunto de tatames, esteiras de palha ou borracha ou espuma recobertos com lona. Esta área (quadrada ou retangular) tem sempre a mesma estrutura básica:



kamiza ou shomem - lado principal que pode conter um kamidana (pequena réplica de altar shintoísta), a foto do fundador e caligrafia emoldurada. Esse espaço é reservado ao sensei, instrutor ou convidado. Ao entrar e sair do dojo é ao kamiza que se deve dirigir o ritsurei (reverência de pé).

shimoza - o lado oposto ao kamiza é destinado aos estudantes, que se sentam em fileiras de acordo com a graduação. Os alunos mais avançados ficam perto do lado superior (joseki) e os iniciantes no lado inferior (shimoseki), mas essa orientação é frequentemente invertida no ocidente e devido ao número de alunos, alguns dojos podem alinhar yudanshas e não-yudanshas em fileiras separadas. É do shimoza que os alunos devem observar o sensei durante o yame (pausa) e para onde devem se dirigir no naore (descanso ou intervalo).

joseki - lado superior, à esquerda do kamiza. Esse lado pode ser ocupado pelo assistente do sensei na aula e ainda pelo sensei ou instrutor se o kamiza estiver sendo usado em cerimônias ou com visitantes importantes.

shimoseki - lado inferior, à direita do kamiza.



Mesmo em eventos que reúnem um grande número de praticantes, como seminários e koshukais, e que por isso são realizados fora dos dojos, é comum que se observe a mesma distribuição, sempre seguindo a orientação a partir do kamiza. Nesses casos, normalmente o kamiza possui fotografias devidamente emoduradas do O-Sensei e elementos típicos da cultura japonesa, como ikebana, taiko e armas (bokken, tanto e jo).

Cada dojo pode possuir também elementos particulares como área para espectadores, painel com nomes de instrutores e alunos, pequenos jardins, acomodações para uchi deshis (alunos internos) ou ainda uma segunda área de prática, além de sua própria cultura e código de etiqueta.

Comments (2)

On 26 de março de 2009 às 21:39 , Anônimo disse...

Amei esse post, eu não sabia que o espaço do dojo tinham tantos elementes separados.
Obrigada

 
On 27 de março de 2009 às 00:26 , Soraya Teixeira disse...

Bacana, não? Eu também gostei muito de pesquisar mais para este post. Beijo!

P.S.: Alguma ideia sobre quem seria a garota do post seguinte?